Seja bem-vindo ao terceiro vídeo da série “Livros para Ler”, em que eu garimpo diversos livros que me tornam uma pessoa e um profissional melhor. E faço um super resumo pra você aproveitar os principais pontos desse livro.
No episódio de hoje eu vou falar do livro “Made To Stick: Why Some Ideias Survive and Others Die” dos autores Chip Heath e Dan Heath.
Em português: “Ideias que Colam: Por que algumas ideias pegam e outras não”.
-O que é a Maldição do Conhecimento e como todos nós sofremos com esse terrível vilão na hora de produzir conteúdos.
– Por que provérbios e frases de impacto como “Feito é melhor que perfeito” grudam tanto na nossa mente.
– Os 3 tipos de autoridade que fazem uma mensagem ter enorme poder de colar na mente das pessoas, independente do tema (sendo que o 3º tipo foi uma bela surpresa!).
E muito, muito mais!!
Vamo nessa pra mais um resumo memorável!
Introdução
O livro Made To Stick é organizado em torno de 6 princípios fundamentais para uma ideia colar. Eles são apresentados através do acrônimo SUCCESs.
- SIMPLICITY – Simplicidade
- UNEXPECTEDNESS – Inesperado
- CONCRETENESS – Concreto / Tangível
- CREDIBILITY – Credibilidade
- EMOTIONS – Emoções
- STORIES – Histórias
Porém, antes mesmo de apresentar o princípio da simplicidade, o livro aponta para um grande vilão que todos nós precisamos combater: The Curse of Knowledge (A maldição do conhecimento).
A maldição do conhecimento
Em 1990, a pesquisadora Elizabeth Newton conseguiu seu PHD de psicologia em Stanford estudando um jogo muito simples de 2 pessoas com 2 funções:
A primeira batucava um som, enquanto a segunda ouvia e buscava acertar qual era música. A lista com 25 músicas eram muito conhecidas como por exemplo: “Parabéns pra você”.
Parece extremamente fácil do ouvinte acertar, não é mesmo?
Porém, os resultados foram muito longe do esperado. Os ouvintes, sem conhecimento prévio da música, foram capazes de acertar somente 2.5% das músicas. Ou seja, 1 música a cada 40 tentativas.
Eles achavam que conseguiriam acertar 50% das músicas. Ou seja, 1 a cada 2 músicas.
Por que isso acontece?
É muito difícil ser a pessoa que batuca. O problema é que quem cria o som já tem o conhecimento prévio da música, o que torna impossível pra ela tocar sem a melodia já estar em sua cabeça.
O mesmo acontece quando cantamos com um bom fone de ouvido ou mesmo cantores de chuveiro. Pode até parecer que você está mandando bem, mas basta tirar o fone ou desligar o chuveiro que você percebe que não é tão bom assim quanto imaginava…
Essa é a maldição do conhecimento. Quando você já sabe de algo é muito difícil imaginar como era antes de ter esse conhecimento.
Como comunicadores, nós temos que prestar muita atenção nisso, pois muitas vezes esquecemos de mencionar o básico do básico sobre um assunto por achar que todos também já possuem esse nível de conhecimento.
O conhecimento pode ser uma maldição na comunicação.
Logo, da próxima vez que você falar sobre gerar valor para clientes, sobre sinergia entre empresas e sobre tal pessoa ser mais proativa, pense novamente.
E elimine as palavras grávidas de significados da sua comunicação.
Chapter 1: Simple
Nenhum plano sobrevive ao campo de batalha.
Um bom líder no exército não planeja em detalhes todos os seus próprios passos e os passos dos seus inimigos.
É uma ilusão pensar que uma guerra é simples demais para ser planejada passo-a-passo.
Logo, no centro de treinamento, a recomendação para situações de confronto precisam ser muito simplificadas. Nesse caso, através de 2 únicas perguntas:
- Se nós não fizermos nada mais na missão de amanhã, nós precisamos _______.
- O único ato e mais importante que eu preciso fazer amanhã é _______.
O que o livro sugere com simplicidade é encontrar a essência por trás de uma ideia.
Encontrar essa essência é tirar tudo dela até chegar na principal e crítica mensagem.
Como o aviador francês e autor Antoine de Saint-Exupery uma vez definiu a elegância da engenharia:
Um designer sabe que alcançou a perfeição não quando não há mais nada a ser acrescentado, mas quando não há mais nada a ser tirado.
Finding the Core at Southwest Airlines
A companhia de aviões Southwest é lucrativa consistentemente por mais de 40 anos.
Herb Kelleher, former CEO da Southwest, uma vez disse em uma entrevista:
“Eu posso te ensinar o segredo de gerenciar essa empresa em 30 segundos. Aí vai: Nós somos A companhia de aviões de baixo custo. Quando você entende esse fato, você pode tomar qualquer decisão sobre o futuro da companhia, assim como eu posso.”
Um exemplo:
“Tracy do marketing entra no seu escritório. Ela diz que as pesquisas indicam que os passageiros podem gostar de uma entrada mais leve no vôo entre Houston e Las Vegas. Nós apenas oferecemos amendoins como lanche, mas ela acha que um frango com salada Caesar seria um ótimo pedido. O que você diria?”
A pessoa pensou por um momento, até que Herb respondeu:
“Você quer dizer, Tracy, que adicionando salada Caesar com frango vai nos ajudar a ser A companhia mais barata no vôo entre Houston e Las Vegas? Porque se não nos ajudar nesse objetivo, nós não vamos servir nenhum frango com salada.”
Isso sim é uma simples ideia que todos na empresa podem entender.
Provérbios
“Feito é melhor que perfeito”.
“An apple a day keeps the doctor away”.
“Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Provérbios são sentenças extremamente compactas de fácil assimilação e aplicação retiradas de um conjunto de ideias e expressões.
- “Feito é melhor que perfeito” significa que é melhor você lançar algo do que passar um longo tempo buscando a ilusão da perfeição .
- “An apple a day keeps the doctor away” significa que uma alimentação balanceada promove a sua saúde, evitando uma futura visita ao seu médico para curar alguma doença.
- “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando” significa um aviso sobre abrir mão de algo certo para buscar algo especulativo, incerto.
Provérbios trazem o potencial máximo de uma ideia simples sendo facilmente lembrado quando necessário.
Portanto, esse primeiro princípio (Simples) é uma união de:
- Core (O que é essencial) e…
- Compact (Compactado em poucas palavras para ser facilmente lembrado).
Chapter 2: Unexpected
Supresa atrai nossa atenção. Interesse mantém ela viva.
O conceito de “inesperado” é também uma união de 2 fatores:
- Surpresa.
- Interesse.
Para gerar surpresa ou curiosidade você precisa quebrar o padrão de pensamento de uma pessoa.
Nossa mente é programada para identificar mudanças drásticas. Quando uma ambulância liga a sirene ou quando um alarme diabólico de carro apita, nós entramos em um modo de alerta e atenção.
Já a curiosidade acontece quando nós sentimos um gap, uma lacuna de conhecimento. Um espaço entre o que sabemos e o que não sabemos. E é esse desconhecimento da informação que nos causa uma certa dor, uma sensação de perda.
E para livrar essa dor, nós completamos esse gap do conhecimento. É por isso que sentamos de forma paciente em filmes terríveis porque dói muito mais não saber como ele vai terminar.
Logo, a melhor maneira de você manter o interesse em um conteúdo é apresentá-lo da seguinte forma:
- Aqui está o que você sabe.
- E aqui está o que você não sabe, abrindo o gap de conhecimento.
Para uma comunicação mais efetiva, nós precisamos mudar nosso pensamento de:
Que tipo de informação eu preciso falar?
para:
Que tipo de perguntas eu quero que minha audiência faça?
Portanto, nesse 2º princípio (Inesperado) lembre-se:
A supresa atrai nossa atenção. Interesse é o que mantém ela viva.
Chapter 3: Concrete
Eu não sei você, mas minhas habilidades na cozinha se resumem a fazer ovos mexidos e shakes no liquidificador.
Portanto, toda vez que leio numa receita “deixe cozinhar até que a mistura alcance uma boa consistência” eu fico totalmente perdido.
Que raios é “uma boa consistência”?
- Não daria pra me dizer sobre o tempo estimado de espera?
- Ou que tal mostrar em imagens como é o antes e depois?
Seria muito mais tangível, muito mais fácil de entender, não é mesmo?
Essa é novamente a maldição do conhecimento. Eu sou um completo iniciante, mas quem cria ou escreve uma receita, provavelmente já fez ela dezenas de vezes.
Portanto, na hora que vou criar conteúdos sobre algo que já domino eu lembro da minha imagem perdidinho na cozinha com um livro de receitas sem instruções na mão.
Você pode adaptar uma situação parecida à minha pra algo que você é praticamente um desastre.
Dessa forma, você irá produzir conteúdos muito mais tangíveis.
Concrete Is Memorable
O livro sugere um simples experimento que vamos fazer aqui também.
Eu vou te apresentar 6 coisas e você deve pensar o que vier a sua mente primeiro, combinado?
- Lembre-se de Campinas (São Paulo).
- Lembre-se da primeira linha de “Hey Jude” (ou qualquer outra música que você adore)
- Lembre-se da Mona Lisa.
- Lembre-se da casa onde você passou sua infância.
- Lembre-se da definição da palavra “verdade”.
- Lembre-se da fórmula de Bhaskara.
Vamos lá:
- Lembrar de Campinas pode ser bem abstrato, a menos que você já tenha visitado ou morado na cidade.
- Ao lembrar da música “Hey Jude” é provável que você tenha até ouvido a voz de Paul McCartney e o som do piano.
- A sua memória de Mona Lisa pode trazer rapidamente a imagem do famoso sorriso enigmático.
- A casa da sua infância pode trazer memórias bem completas e bem visuais de um período específico em sua vida.
- A definição da palavra “verdade” pode ter sido muito mais difícil de lembrar e pensar.
- E sobre a fórmula de Bhaskara, talvez não tenha se formado nenhuma memória das antigas aulas de matemática na escola.
Por que isso acontece?
Por que é mais fácil lembrar de uma música do que a definição de um termo?
A nossa mente funciona mais como um Velcro.
Se você olhar para os dois lados do material de Velcro, você vai ver que um é coberto com milhares de minúsculos ganchos e outro é coberto com milhares de pequenos laços.
Quando você pressionar os dois lados juntos, um grande número de ganchos ficam presos no interior dos laços, e é isso que faz com que o velcro se feche.
Seu cérebro recebe um número impressionante de laços. Quanto mais ganchos uma ideia tiver, melhor ela vai se agarrar à sua memória.
Quanto mais você sente algo em uma ideia, mais concreta ela é. Portanto, use mais ilustrações, analogias e busque nivelar suas ideias por baixo. Encontre uma língua universal que todo mundo saiba falar.
Não é à toa que explicações empresariais usando analogias de futebol funcionam muito melhor do que palavras grávidas como sinergia.
Chapter 4: Credible
Segundo o livro, existem 2 tipos de autoridade que geram credibilidade.
- Experts.
- Celebridades.
O que me faz pensar em um exemplo que dou em uma das aulas do nosso curso Blog Memorável sobre marketing pessoal:
Com quem você gostaria de aprender negócios:
- Com um professor de Harvard, formado, com 26 mestrados, doutorados, PhD e tudo mais que fosse possível…
- …ou com o Sílvio Santos?
Se você é como a maioria das pessoas, você escolheu o Sílvio Santos.
E é bem possível que o Sílvio Santos cobraria pelo menos 10x mais do que o professor de Havard por algumas horas do seu tempo numa mentoria sobre o seu negócio.
Afinal, além de expert, ele é uma celebridade.
O livro nos mostra o exemplo de celebridade usando a imagem de Michael Jordan.
Por que nos importamos se o Michael Jordan gosta de McDonald’s?
Ele não é nenhum nutricionista certificado ou uma autoridade no assunto, mas a maioria das pessoas presta atenção porque elas querem ser como o Mike.
E a força da recomendação de uma celebridade tende a ser bem maior do que a recomendação de um expert na área.
Na realidade, existe ainda um 3º tipo de autoridade pouco conhecido: A anti-autoridade.
Pam Laffin, the Antiauthority
Pam Laffin foi a estrela de uma série de anúncios na TV sobre o combate ao tabagismo transmitidos em meados da década de 90.
Pam não é uma celebridade e ela não é um especialista em saúde.
Ela é uma fumante. Na época, Pam era uma mãe de vinte e nove anos de dois filhos. Ela começou a fumar aos dez anos e desenvolveu enfisema aos 24 anos de idade.
Ela também sofreu um transplante de pulmão que, infelizmente, não foi bem sucedido.
Em um ponto da série ela fala sobre como o enfisema deixou ela com uma “cara gorda”. Ela disse:
”Comecei a fumar para parecer mais velha e, lamento dizer, que funcionou.”
Pam se tornou uma heroína do movimento antitabagista. Ela foi assunto de um documentário da MTV e foi estrela de um vídeo educacional de vinte minutos intitulado “Eu não consigo respirar”.
Ela morreu em novembro de 2000 com a idade de 31, três semanas antes da data marcada para seu segundo transplante de pulmão.
Assim como uma ex-fumante pode ser uma forte anti-autoridade, uma pessoa que sofreu um acidente de carro por ter bebido e dirigido também pode ser um exemplo vivo e tangível do que pode acontecer com sua vida quando você toma uma decisão errada.
Shark X Deer
Responda rápido: Qual desses animais tem mais chance de te matar:
Um tubarão ou um alce?
Resposta:
Um alce tem muito mais chance de matar você. Na verdade, 300x mais chances através de uma colisão com seu carro.
O que torna essa mensagem tão interessante?
Nós gostamos da mensagem inesperada de que um alce praticamente inofensivo pode ser mais perigoso do que um tubarão.
Se eu apresentasse apenas a quantidade de pessoas que morrem através de ataques de tubarão por ano nos Estados Unidos, que é de 0.4 (menos de 1 pessoa por ano, segundo o livro), talvez essa informação não fosse tão interessante para você.
Mas quando associamos estatísticas sem pensar no que o atual número representa, nós perdemos o poder da mensagem.
Porém, quando usamos comparações que provoquem emoções – como saber que um Alce é mais perigoso que um Tubarão – aí sim nós conseguimos a atenção do público.
The Sinatra Test and Safexpress
No clássico “New York, New York” de Frank Sinatra, ele canta sobre começar uma vida em New York, com o refrão: “If I can make it there, I’ll make it anywhere”.
Numa tradução não perfeita: “Se eu consigo me virar lá, eu consigo me virar em qualquer lugar.”
O autor logo faz a analogia desse trecho com a empresa SafeExpress, que ficou responsável por toda a entrega do 5º lançamento de Harry Potter na India.
Todos os livros precisavam ser entregues às 8 da manhã. Não muito cedo senão os donos das lojas poderiam querer vender antes do lançamento, estragando a expectativa e não muito tarde, senão os donos perderiam o poder das vendas iniciais.
Além, claro, da preocupação sobre questões de pirataria do conteúdo desses livros.
Para convencer novos clientes, a SafeExpress poderia usar estatísticas como 98.94% das entregas deles chegam no tempo correto para seus clientes. Ou então no testemunho do CEO de uma empresa multinacional que usou o serviço deles.
Porém, quando a SafeExpress diz que ela ficou responsável pelo lançamento do 5º livro da série Harry Potter, ela passa no “Sinatra Test”.
Se ela conseguiu garantir uma operação de sucesso nesse nível de complexidade, ela consegue qualquer outro tipo de operação mais simples.
O poder da mensagem está mais na credibilidade do que nos números e estatísticas da empresa.
“Se eu consigo me virar lá, eu consigo me virar em qualquer lugar.”
Chapter 5: Emotional
Appealing to Self-Interest
O que realmente importa para as pessoas? As pessoas são importantes para elas mesmas.
Uma maneira fácil de fazer as pessoas se importarem é evocar o interesse próprio.
Em 1925, John Caples foi designado para escrever a manchete de uma propaganda que promove um curso de música por correspondência.
Ele não tinha experiência de publicidade, mas ele se sentou em sua máquina de escrever e criou um das manchetes mais famosas na história da publicidade:
”Eles riram quando eu me sentei no piano… mas quando eu comecei a tocar!”
Esta é uma história clássica de opressão em apenas 14 palavras.
As pessoas riram dele. E ele silenciou todas as vozes através da sua forma impressionante de tocar.
Essa manchete foi tão bem sucedida em vender cursos por correspondência que ainda está sendo usada por redatores e copywritters décadas após sua publicação original.
Maslow
Em 1954, um psicólogo chamado Abraham Maslow realizou uma pesquisa sobre o que motivava as pessoas. Ele resumiu suas descobertas em uma lista de necessidades e desejos que as pessoas buscam cumprir.
Maslow define um conjunto de 5 necessidades descritas através de uma hierarquia. De baixo para cima na pirâmide temos:
- Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, o abrigo;
- Necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de se sentir seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
- Necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;
- Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros frente à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;
- Necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura se tornar aquilo que ele é capaz de ser, desenvolvendo seu próprio potencial.
Segundo Maslow, as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de “escalar” uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.
Segundo o livro, a teoria é ótima para olharmos de uma forma mais geral sobre as nossas necessidades, mas Maslow estava errado ao descrevê-la como uma “hierarquia”.
O Bônus de R$ 10.000 na Empresa
Imagine que uma empresa oferece aos seus empregados um bônus de R$ 10.000 se eles cumprirem determinadas metas de desempenho. Existem 3 maneiras diferentes de apresentar o bônus aos empregados:
- Pense no que os R$ 10.000 significam: o pagamento de uma parcela do carro novo ou uma melhoria na sua casa que você está há tanto tempo querendo fazer.
- Pense no aumento da segurança de ter mais R$ 10.000 em sua conta bancária para momentos difíceis.
- Pense no que os R$ 10.000 significam: a empresa reconheceu como você é importante para o desempenho geral dela. E ela não gasta dinheiro à toa.
No estudo, quando se fez a pergunta para as pessoas sobre qual tipo de pensamento elas teriam, a maioria responde a número 3.
É bom para a auto-estima.
Para a número 1 e número 2, não é meio óbvio que os R$ 10.000 podem ser gastos ou poupados?
A maioria de nós não têm nenhum problema algum em nos imaginar gastando ou poupando os R$ 10.000.
Porém, aqui está a surpresa: Quando as pessoas são perguntadas sobre qual seria a melhor decisão para outras pessoas (não elas), elas escolhem a número 1 como a mais agradável, seguida pela número 2.
Nós somos motivados pela auto-estima, mas acreditamos que outras pessoas são motivadas pelo pagamento de dívidas e investimentos como melhorias na casa, parcelas de um carro novo, uma viagem com a família.
E é essa visão única que explica praticamente tudo sobre a forma como os incentivos estão estruturados na maioria das grandes empresas.
O bônus em dinheiro vem sempre na frente de reconhecimento e do propósito da empresa.
Isso significa que a maioria das pessoas acredita que as outras estão vivendo na base da pirâmide de Maslow, enquanto elas próprias estão lá no topo, buscando sua auto-realização.
O problema de gastarmos muito tempo na base da pirâmide de Maslow é que podemos negligenciar muitas oportunidades para motivar corretamente as pessoas.
Todos nós gostamos de receber bônus e de ter certa segurança no emprego, mas concentrar as necessidades exclusivamente nas partes mais abaixo da pirâmide pode nos roubar a oportunidade de tocar em motivações mais profundas que estão no topo dela.
Quando Steve Jobs trouxe Jon Sculley para a Apple ele não falou sobre o cheque grande que estava esperando por ele, Jobs simplesmente disse:
“Você quer passar o resto de sua vida vendendo água com açúcar, ou quer vir comigo e mudar o mundo?”
Chapter 6: Stories
Stories as Inspiration: The Tale of Jared
Nesse capítulo sobre histórias, o livro conta a história de Jared Fogle que tinha um sério problema de peso. Ele pesava 192kg e usava camisas de tamanho que nem consigo ler direito com tantos “G”s, o maior tamanho disponível nas lojas de roupa para pessoas muito altas ou obesas.
Suas calças tinham 152 centímetros de largura, o que é praticamente inimaginável.
Segundo condições médicas, Jared não viveria além dos 35 anos. Até que, numa visita ao médico com seu pai, ele decidiu fazer um teste: seguir uma dieta totalmente baseada na rede de fast food Subway.
3 meses após esse teste, ele já estava pesando 149kg, uma perda de quase 50kg apenas comendo lanches no Subway.
Alguns meses depois, ele já estava pesando impressionantes 81kg.
Um cara gigante que pesava 192kg perdeu 111kg numa dieta que ele mesmo inventou. E comendo fast-food.
A história é forte demais para qualquer pessoa que está lutando para perder nem que seja apenas 1kg.
O livro quebra a moral dessa história de sucesso nos seus 6 princípios de sucesso:
- É simples: Coma Subway e perca peso.
- É inesperado: Um cara gigante perdeu mais de 100kg comendo fast food.
- É concreto: Pense na comparação entre as calças gigantes e a calça atual depois da perda de peso.
- Tem credibilidade: Usa o efeito de anti-autoridade.
- É emocional: Nós nos preocupamos mais sobre um indivíduo, Jared, do que sobre uma massa de pessoas.
- É uma história: Nosso protagonista supera grandes desafios como morrer jovem aos 35 anos para chegar a vitória.
Apesar dessa história de sucesso no livro, eu não poderia deixar de citar nesse resumo que, hoje em dia, a história de Jared não é tão bonita quanto essa luta contra a obesidade detalhada no livro.
Em agosto de 2015 ele foi declarado culpado por pornografia infantil e foi sentenciado a 15 anos e 8 meses numa prisão federal.
Os 3 Tipos de História
Aristóteles acreditava que existiam 4 enredos principais:
- Simples trágico.
- Simples afortunado.
- Complexo trágico.
- Complexo afortunado.
Robert McKee, o guru dos roteiros, lista 25 tipos de histórias em seu livro:
- O épico moderno.
- O enredo desilusão.
- E assim por diante…
Porém, os autores do livro chegaram a conclusão de que todas esses enredos podem ser resumidos em 3 tipos de histórias:
- THE CHALLENGE PLOT
A história de Davi e Golias é o enredo clássico de desafios. O protagonista supera um desafio formidável e bem-sucedido.
David derruba um gigante com seu super simples estilingue. Existem variações desse tipo de enredo desafio que todos nós reconhecemos e uma delas é o que eles chama de “underdog history”.
Numa tradução, seria basicamente a “história dos oprimidos”.
Elas nos inspiram, apelando para a nossa perseverança e coragem. Elas nos fazem querer trabalhar mais, assumir novos desafios e superar os obstáculos.
- THE CONNECTION PLOT
É uma história sobre pessoas que desenvolvem um relacionamento que preenche uma lacuna racial, de classe, étnicas, religiosas ou demográficas.
Esses tipos de enredos envolvendo a conexão também são fabulosos para romances como Romeu e Julieta (ou o filme de maior bilheteria de todos os tempos, Titanic).
Todos os enredos de conexão nos inspiram de alguma maneira social. Eles nos fazem querer ajudar os outros, ser mais tolerante com os outros, trabalhar com os outros e amar os outros.
- THE CREATIVITY PLOT
O 3º tipo de história é o enredo criativo.
Um exemplo pode ser a história da maçã que cai na cabeça de Newton, inspirando sua teoria da gravidade. O enredo da criatividade envolve alguém realizando um grande avanço mental, que resolve um enigma de longa data, ou atacando um problema de uma forma inovadora. É o que o livro chama de “enredo MacGyver”.
Segundo o livro, esses são os 6 princípios fundamentais para uma ideia colar. Relembrando eles:
- SIMPLICITY – Simplicidade
- UNEXPECTEDNESS – Inesperado
- CONCRETENESS – Concreto / Tangível
- CREDIBILITY – Credibilidade
- EMOTIONS – Emoções
- STORIES – Histórias
Isso significa que uma ideia que gruda em nossa mente e é facilmente lembrada precisa fazer com que as pessoas:
- Entendam facilmente ela: Simples.
- Prestem atenção nela: Inesperado.
- Lembrem com visuais e sentimentos: Tangível.
- Acreditem nela: Credibilidade.
- Se preocupem com ela: Emocional.
- Tomem ação sobre ela: História.
Eu espero que você tenha curtido esse resumo do livro “Made to Stick”, assim como eu curti fazer ele para você. A melhor lição que eu tirei dele foi logo na introdução, em que ele fala sobre o conceito de Curse of Knowledge, que seria a Maldição do Conhecimento.
Muitas vezes usamos palavras grávidas, como sinergia, proatividade, gerar valor que são muito abstratas. Ao pensar em formas mais fáceis e simples de explicar conceitos que podem até ser complexos, a gente ganha o respeito da nossa audiência, que nos enxerga como bom comunicador.
E esse é o dever que todos nós, como comunicadores temos, a arte de cortar palavras, o uso de analogias para explicar conceitos que não são tão concretos e o uso de histórias para facilitar a comunicação podem estar presentes em nosso arsenal, como uma comunicador.
Afinal, você não gostaria de falar de modo que as pessoas queiram ouvir você? E para você, qual foi a principal ideia memorável que você tirou aqui desse resumo do livro. Deixe um comentário logo abaixo, que eu vou interagir, trocando alguma ideia com você.