Escritores são leitores vorazes.
O problema é quando o que deveria ser fonte de inspiração e conhecimento não passa de excesso de informação.
Os melhores escritores apoiam-se no trabalho de outros grandes que vieram antes para dominar a arte da escrita, desenvolver vocabulário e encontrar sua voz.
Diante de tanto conteúdo circulando na internet (e fora dela), nunca tivemos tanto acesso e excesso de informação.
São livros, ebooks, audiobooks, páginas e cartas de vendas, estudos de caso, artigos em blogs, newletters e até conteúdo curtos como postagens no Instagram e Twitter.
Sem falar nas outras formas de ter acesso à informação através de vídeos seja no YouTube, Netflix e outros serviços de streaming, podcasts,etc.
Sem falar nos meios tradicionais, como cinema, TV, rádio e jornal.
Nem nos veículos de notícias que hoje também estão todos na internet, ou seja, na palma da mão a qualquer momento.
Você pode ver todos os portais de notícias do mundo, assistir filmes e séries, ler livros no Kindle e ainda acompanhar diariamente seus produtores, influenciadores e escritores preferidos nos Stories do Instagram.
Isso é bom, certo?
Bom… depende do que você faz com isso.
Se você consome e nunca cria nada de concreto com esse conhecimento, você está reproduzindo o mesmo comportamento de alguém que come como um atleta profissional, mas não levanta do sofá nem para trocar o canal da TV.
Com todo esse excesso de informação, estamos apenas acumulando dados, ficando cada vez vastos em conhecimento, porém com pouca ou nenhuma profundidade.
E em um mundo onde chamar e manter a atenção de uma audiência é cada vez desafiador, sentimos a necessidade de adquirir mais e mais conhecimento para escrever textos que se destaquem no mar de publicações.
Uma armadilha disfarçada de sabedoria.
Conhecimento x Informação
Aprender não é um mero processo de pesquisa e retenção de informações.
Escrever bem não se trata de lembrar essas informações obtidas das mais diversas fontes e juntá-las em um artigo, livro ou email.
Se estamos apenas lendo e passando as mesmas informações adiante, qual a necessidade de escrever, em primeiro lugar?
É humanamente impossível aprofundar em uma vastidão tão grande de assuntos distintos, logo buscamos também o conteúdo raso, com dicas prontas e rápidas de ler.
A busca pelo conhecimento se transformou em entretenimento, onde, para dar conta do excesso de informações disponíveis, nos tornamos “leitores de manchetes”.
No entanto, enquanto você lê 10 artigos por dia, 5 newsletters, segue 500 pessoas no Instagram e passa 3 horas no YouTube achando que está fazendo uma boa pesquisa para escrever, outro escritor está usando seu tempo com inteligência e restringindo sua pesquisa a meia dúzia de sites confiáveis e poucos e bons livros.
Com isso, ele tem tempo para pensar e trazer o seu próprio tempero para sua escrita, ao invés de reproduzir ideias e conceitos que leu, sem refletir a respeito e muito menos trazer uma visão inovadora sobre o assunto.
Como resolver esse paradoxo do excesso de informação x fontes de pesquisa e informação antes de escrever?
Todo escritor precisa ler (e deixar de ler)
Você já deve ter visto diversas pessoas se orgulhando do número de livros que leu no ano. Ou recomendando que você leia um livro por semana.
Como se isso não fosse nada além de excesso de informação para massagear o ego e mostrar um certo grau de inteligência superior.
O que realmente significa ler 12, 24, 36 ou 60 livros no ano se você não absorve e, principalmente, não consegue colocar os conhecimentos em prática?
A leitura não se trata de uma forma passiva de consumir informações, mas sim de fazer perguntas, buscar pelas respostas, avaliar e aplicar na sua própria vida, para, no fim, decidir o que é bom ou não.
Dá trabalho, né?
O que você acha que vai fazer de você um escritor(a) melhor?
1.Ler o maior número de livros para adquirir diversos conhecimentos?
2.Ler poucos livros, mas reter boa parte do conteúdo?
3.Ler poucos livros e escrever todos os dias.
Acho que você sabe muito bem a resposta!
Como encontrar livros que não vão se transformar em excesso de informação
Já se sentiu perdida(o) com a quantidade de livros que você acredita que precisa ler?
Só entrar em um biblioteca, livraria ou no site da Amazon, e se perder na quantidade de títulos das mais diversas áreas.
Isso que nem estamos falando das indicações de amigos e pessoas na internet que só vão aumentando nossas listas ou pilhas de livros para ler.
Mas então, quais critérios usar para escolher os livros certos?
1.Ignore a lista dos mais vendidos.
Popularidade nem sempre tem a ver com qualidade. E pior, podem em nada serem úteis para você. Não leia só porque todo mundo ao seu redor está lendo.
Avalie se aquela leitura vale seu tempo, o que leva à dica 2.
2.Procure por respostas para suas perguntas.
Busque por livros e assuntos que você precisa aprender para resolver um problema imediato na sua vida.
Consumo planejado para evitar o excesso de informação
Além dos livros, como é a sua rotina de consumo de informações online?
Quantas newsletters você assina?
Quantos blogs, canais do YouTube e perfis de Instagram acompanham todos os dias?
Você estuda o tipo certo de conteúdo que o ajuda a atingir seus objetivos?
Ou você continua lendo publicações que acha que irão ajudá-lo, mas não acaba agindo de acordo com os conselhos que elas oferecem?
Portanto, para esclarecer e fortalecer sua estratégia de consumo de conteúdo, faça uma lista de suas assinaturas e avalie o que elas trazem de valor.
Aquelas que não geram nada além de excesso de informação podem ser cortadas sem dó. Teste por uma semana e veja se você vai realmente sentir falta.
Também cancele a assinatura de e-mails ou boletins informativos com conselhos que você não colocou em prática nos últimos seis meses.
Guarde as informações mais importantes para a hora certa
Se você é sedento por conhecimento, essa dica irá ajudar bastante a retenção e organização das suas leituras online.
O Pocket é um aplicativo que salva tudo o que você deseja ler ou assistir em um único lugar.
Você pode classificar todo conteúdo através de tags, colocar uma estrela para marcar favoritos e, o melhor de tudo, ler os artigos salvos offline.
Como ele salva os conteúdos para você ler depois sem precisar de conexão, basta você abrir o aplicativo e já começar a ler sem depender de um acesso a internet.
Como ir do excesso de informação para a memorização
Hoje em dia tem ficado cada vez mais comum o uso de vídeos, infográficos e podcasts para o ensino, mas a grande maioria do conteúdo ainda é criado, organizado e compartilhado em texto.
Logo, as habilidades de leitura são totalmente indispensáveis.
Existem diversos tipos de leitura. A leitura para o lazer, que você faz de forma relaxada, por prazer.
Já a leitura que é obrigatória sobre um tema ou que precisa ser “dominado” rapidamente.
Portanto, durante a leitura “obrigatória” perdemos um pouco do foco e atenção necessário com outras preocupações em mente, pois queremos aprender logo para colocar em prática.
Quando você precisar fazer esse segundo tipo de leitura e pesquisa, recomendo que use alguma dessas 4 técnicas para reter ao máximo aquilo que está consumindo:
1.Faça uma pré-leitura
Conhece a técnica da pré-leitura?
Ela funciona da seguinte maneira:
1.Vá até o índice do livro e veja o assunto de cada capítulo.
2.Vá até o capítulo do livro e passe pelas páginas, lendo os tópicos e subtópicos.
3.Vá ao final do capítulo e veja se existe algum resumo dos pontos principais.
Fazer isso antes de ler o capítulo ajuda sua mente a se preparar e entrar com maior facilidade no assunto em questão.
Busque formular perguntas para as respostas que você está lendo no texto.
Depois responda às próprias perguntas em suas palavras e usando os termos chave do texto.
2.Leitura superficial (Skimming)
Como o próprio nome diz, ela é superficial, ou seja, a compreensão do conteúdo não é tão profunda. O objetivo é ter uma ideia geral dele.
Ela é mais indicada para jornais ou revistas, onde você pode facilmente identificar os pontos mais importantes que deseja reter de conhecimento.
Leva bastante em consideração cabeçalhos e imagens.
A vantagem dela é que quando você pratica esse tipo de leitura, você pode chegar a 700 palavras lidas por minuto.
Dica: depois de terminar esse tipo de leitura faça um resumo mental do que você leu. Se conseguir resuma em uma frase o principal conceito do texto.
3.Escaneamento (Scanning)
Essa técnica envolve passar seus olhos rapidamente pelo texto em busca de uma informação.
É o tipo de leitura que fazemos, por exemplo, com um guia turístico para identificar o local que queremos visitar. O foco está em palavras-chave.
Assim como no skimming, imagens são relevantes para o scanning, assim como há um foco em parágrafos de introdução e conclusão.
Dica: sublinhar termos no texto reforça essa técnica.
4.Leitura detalhada
A leitura intensiva toma mais tempo que o skimming e o scanning, pois envolve a leitura de cada palavra do texto.
Ela é útil quando você precisa tomar notas do que está lendo ou precisa entender instruções. Também ajuda a ampliar o vocabulário aprendendo novas palavras pelo contexto.
Ela favorece lembrar das informações por mais tempo.
Dica: Procure responder perguntas como:
Você acredita na informação do autor?
Para que ela serve?
Quais são os principais pontos do texto?
Você pode usar alguns recursos para fazer a leitura detalhada, como o uso de um livro ou ebook com apoio de um audiobook.
Ao estudar com o eBook (visual) + o audiobook (auditivo) e ainda grifando partes específicas no eBook (cinestésico), você está maximizando as melhores formas de aprendizado.
Vídeos e podcasts que completam o assunto estudado também são excelentes formas de reter e aprofundar o conhecimento, sem criar o excesso de informação desnecessário.
Hoje com o YouTube é muito fácil encontrar reviews de livros, documentários, filmes…
Além de rever o que você estudou vai ter uma nova perspectiva no assunto que talvez você não tenha notado antes.
Se você ficou com a impressão de que o excesso de informação é um problema, e não uma solução, na vida de escritores, copywriters, produtores de conteúdos e empreendedores, você está certo.
E, como é possível notar, ser capaz de criar algo que se destaca na multidão não depende do quanto você lê, ouve ou assiste, mas do quanto você assimila, vive e tem a contribuir com a sua visão única.
Pode ser trabalhoso, mas tenha certeza que 99% das pessoas não terá a paciência de fazer o mesmo.
É por isso que depende de você fazer a diferença e produzir algo que não seja apenas excesso de informação.