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Como surgem as ideias criativas que viram tendências (e como você pode usá-las para escrever textos virais

Henrique Carvalho Escrito por Henrique Carvalho em 24 de novembro de 2021
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Já parou para pensar como ideias criativas se transformam em tendências?

Vamos combinar que nem toda ideia gera um produto ou até mesmo um bom texto com o potencial de alcançar milhares de pessoas.

Então, será que existe uma explicação para o fato de algumas ideias criativas gerarem tanto resultado enquanto outras desaparecem no limbo?

De acordo com Derek Thompson, autor do livro Hit Makers, existe sim e nós vamos entrar em detalhes no assunto neste artigo.

Hoje em dia, é difícil andar por algumas cidades, alguns escritórios ou casas sem ver um produto cujo design foi feito pela Apple.

Nos anos 1950, era igualmente impossível passar pelos Estados Unidos sem se deparar com algo cujo design tivesse sido feito por Raymond Loewy e sua empresa.

Loewy era um órfão francês que chegou em Nova York em 1919 após perder seus pais em uma pandemia de gripe.

Dentro de umas poucas décadas de sua chegada à cidade, ele seria amplamente conhecido como o pai do design moderno.

Ele ajudou a recriar o carro esportivo, o trem moderno e o ônibus Greyhound; fez o design da fonte da Coca-Cola e do icônico maço de cigarros Lucky Strike.

Ele parecia adivinhar as necessidades das pessoas antes mesmo que elas pudessem compreendê-lo, assim como fazia Steve Jobs.

E acredite: ele sabia desse seu dom visionário e criou uma teoria chamada “MAYA” para explicar o fenômeno por trás de suas ideias criativas que se transformaram diversas vezes em produtos que dominaram o mercado.

Conceito MAYA por trás de ideias criativas e virais

MAYA é a abreviação de “Most Advanced Yet Acceptable” (mais avançado, ainda assim, aceitável).

Sem que o falecido Loewy soubesse, esse insight vem sendo usado para explicar as canções que grudam na cabeça da gente na música pop, os blockbusters nos cinemas, e até mesmo o sucesso dos memes na mídia digital.

Para muitas pessoas hoje em dia, ansiar pelo novo hit da Nike, da Apple ou da Disney parece tão natural quanto a espera pelas mudanças de estação.

Durante milênios, os ancestrais dos fashionistas de hoje em dia usaram as mesmas roupas, e os filhos de cada geração não pareciam se importar em usar as túnicas de seus bisavós.

A moda, como nós a conhecemos, não estava escrita no DNA humano. É uma invenção recente da produção em massa e do marketing moderno.

As pessoas tiveram de ser ensinadas a desejar com ansiedade tantas coisas novas e Loewy foi um dos primeiros a usar esse conceito para fazer suas ideias criativas ganharem projeção.

A oficina de Raymond Loewy era, de forma muito similar a qualquer gravadora musical ou estúdio de Hollywood, uma fábrica de hits de sua época.

Ele acreditava precisava conhecer a fundo seu público antes de criar produtos ara atender seus hábitos.

Ele pegava carona no comportamento das pessoas em vez de projetar produtos que as forçariam a mudar suas vidas.

No entanto, Loewy sentia que sua sensibilidade em relação às familiaridades de seus consumidores estava conectada a uma camada mais profunda da psicologia.

Sua teoria MAYA, Most Advanced Yet Acceptable, abordava a tensão entre o interesse das pessoas em serem surpreendidas e sentirem-se confortáveis

Como descobrir se você está diante de ideias criativas com potencial viral

Imagine-se entrando em uma sala cheia de estranhos.

Você olha ao seu redor, procurando por alguém que conheça, mas não consegue encontrar nem ao menos um único rosto conhecido.

E, então, de repente, a sala se abre e, em meio à multidão, você consegue vê-la: a pessoa que é sua melhor amiga. Como você se sentiria em ter alguém conhecido por perto em um novo ambiente?

Mais seguro e confortável, eu aposto.

Vamos para outro teste imaginário: você prefere quais das duas opções a seguir?

A. Ter 100% de certeza e ganhar R$ 10.000 agora.

B. Ter 55% de chance de ganhar R$ 20.000 e 45% de chance de não ganhar nada.

Qual você escolheria? A ou B?

A maioria das pessoas opta pela opção A pelo simples fato dela ser a mais segura, assim como se sente mais tranquilo em ir a uma festa com um acompanhante.

Não sei se você percebeu o padrão até aqui, mas as boas ideias criativas são aquelas que além do fator inovador trazem consigo essa pitada de familiaridade.

Mas vamos continuar para deixar mais claro como isso acontece na prática.

A última música que você escutou, era uma música nova ou uma música que você já tinha escutado antes?

Fato é que em 90% do tempo escutamos músicas já conhecidas.

Para você entender melhor: no Spotify existe uma playlist com uma seleção de músicas inéditas toda semana, chama-se “Novidades da Semana”.

Certa vez, aconteceu um bug e essa playlist passou a ter, além de músicas inéditas, músicas já conhecidas. Ou seja, tudo misturado.

E adivinhe?

Foi a maior taxa de engajamento de todos os tempos dessa playlist! 

E, claro, a partir daí o Spotify usou isso ao seu favor, tornando esta playlist familiar e fazendo com que as pessoas escutem mais.

Uma mistura entre o novo e o familiar. 

Produtores cinematográficos, assim como os cientistas das Instituições Nacionais de Saúde, têm de avaliar centenas de projetos por ano, mas só podem aceitar uma minúscula porcentagem deles.

E o que eles tanto procuram? Algo que tenha cara de novo, mas que traga algo já conhecido do público.

Para chamar sua atenção, os roteiristas frequentemente emolduram ideias criativas e originais como uma nova combinação de dois sucessos familiares:

“É Romeu e Julieta em um navio que está afundando!” (Titanic)

“É Toy Story com animais falantes!” (Pets — A vida secreta dos bichos).

O truque é aprender a emoldurar novas ideias criativas como se fossem ajustes a ideias antigas, para fazer com que seu público veja a familiaridade atrás da surpresa.

E quando uma ideia criativa se torna viral?

O consumidor é influenciado em sua escolha de estilo por dois fatores opostos:

1. Atração pelo novo.

2. Resistência àquilo com que não está familiarizado.

A teoria de Loewy explica porque algumas ideias criativas se espalham enquanto outras falham.

Isso porque nenhuma mudança nos hábitos, seja de consumo de produtos, de filmes, livros ou textos, acontece da noite para o dia.

São as pequenas inovações em itens já conhecidos que vão construindo aos poucos a imagem na cabeça das pessoas.

Outra teoria que explica muito bem o sucesso x fracasso de ideias criativas é a do “Ponto de Virada”, de Malcom Gladwell.

Com relação aos smartphones, nenhum deles tinha o teclado na tela, pois a tecnologia ainda era cara e não tão eficiente.

Steve Jobs soube reunir diversas tecnologias que já haviam sido criadas até então para trazer um produto com uma pequena mudança, mas com grandes impactos no mercado.

Consumidores não estão procurando por novos produtos.

Mas sim pequenas melhorias e adaptações dos produtos que eles adoram, sendo 80% de que já é conhecido e 20% de inovação.

Uma pequena mudança pode gerar um impacto gigantesco.

Você consegue enxergar esse conceito aplicado no seu negócio, produtos ou textos?

Nós vimos acontecer com um de nossos produtos mais antigos.

Em 2016 lançamento o curso Revolução do Conteúdo para falar de algo que hoje é requisito básico para quem atua no mercado digital: a produção de conteúdos para atrair clientes.

Na época, esse era um conceito tão novo que o produto não vendeu como o esperado, pois o timing, ou melhor, o ponto de virada do mercado ainda não havia chegado.

E como descobrir qual o ponto certo? Colocando sua ideia criativa para ser testada no mundo real e buscando seguir essas 3 lições do Princípio MAYA.

As 3 Lições do Princípio MAYA

1. O público não sabe de tudo, mas sabe mais do que os criadores.

Os artistas e empresários mais bem-sucedidos tendem a ser gênios.

Mas eles não sabem como seus consumidores vivem, o que fazem todos os dias, o que os irrita, o que os toca.

Se a familiaridade é a chave para o gostar, então, as familiaridades das pessoas, as ideias, as histórias, os comportamentos e os hábitos são as chaves para seus corações.

Loewy tinha suas próprias teorias de beleza, mas sabia que fazer design para estranhos era, no começo, como tatear em um túnel escuro em direção a um pequeno ponto de luz.

2. Para vender algo familiar, torne-o surpreendente.

Para vender algo surpreendente, torne-o familiar.

Grande parte dos produtos e da arte em geral atendem a públicos onde eles estão.

E com uma pequena dose de inovação em cima daquilo que já é feito., ganhariam o mercado como fez a Apple a lançar seu iPhone.

3. As pessoas não sabem o que querem até que já estejam encantadas.

Loewy estava constantemente abrindo caminho à força para os gostos em meio a um público que não sabia querer alguma coisa nova.

Nas páginas finais de suas memórias, Loewy conta uma conhecida piada sobre um escoteiro e seu mestre discutindo a Boa Ação obrigatória do dia.

“E que boa ação você realizou hoje, Ray?”

“Eu, Walter e Henry ajudamos uma senhora a atravessar a rua”, diz o menino.

“Muito bem. Mas por que precisou vocês três para fazer isso?”

“Ela não queria atravessar a rua.”

Se Loewy fosse um escoteiro, ele teria sido como o menino da piada.

Por isso, se você quer ideias criativas para escrever histórias, produzir conteúdos ou vender seus livros para muitas pessoas, não simplesmente copie e cole os conteúdos de sucesso que você vê por aí.

Deu certo para a pessoa que trouxe a ideia porque ela mesma pegou algum familiar e adicionou um toque de inovação próprio.

Quer ver suas ideias criativas ganhando o mundo? Faça o mesmo. Mas faça do seu jeito.

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